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Em defesa do companheiro Paulinho da Força

Nos últimos tempos, e por conta das posições que, como deputado, o nosso companheiro de luta, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, tem adotado no âmbito da Câmara Federal, noto o surgimento de uma série de acusações que lhe são feitas, inclusive vindas de companheiras e companheiros sindicalistas que atuam no interior da central Força Sindical por ele presidida. As acusações são variadas e, na maioria dos casos, ofensivas, depreciativas. A meu ver despropositadas. Os que assim fazem parecem buscar uma condição de pureza ética e moral nas suas falas, digna dos cristãos dos primeiros tempos, todavia imprópria quando o assunto é política. Até porque a ação política não se baseia em fé, mas em racionalidade.

Sabe-se bem que, ao longo do tempo, como dirigente de uma das maiores centrais sindicais brasileiras, Paulinho tem atuado como poucos em defesa dos interesses da classe trabalhadora e do fortalecimento da representação sindical.

Assim também se deu, ao longo de seus três mandatos de deputado federal em relação às grandes mobilizações internas e externas ao parlamento brasileiro, quando se tratou de lutar para impedir que propostas, como a famigerada Emenda 3, viessem a ser aprovadas em um momento conjuntural em que o mais importante aos trabalhadores era e ainda é o trabalho regulamentado e não precarizado.

O mesmo vale para a defesa que o sindicalismo brasileiro, sob a liderança do Paulinho, propôs-se a fazer, com vistas a reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salário, e ainda a lutar para que o então governo Lula (2003-2010) viesse a ratificar a Convenção 158, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que prevê garantia de emprego contra a demissão imotivada. O fato de tais intentos não terem sido alcançados é outra questão. O ponto a que me atenho é o de que lhe não faltou empenho, luta, nesse sentido.

Assim como não se deve esquecer da ação defendida por Paulinho dentro e fora do parlamento em defesa da proposta de recuperação do valor do salário mínimo no sentido de recuperar o seu poder compra e que muito contribuiu para que o governo Lula ganhasse contornos distributivistas e, com isso, alavancasse a economia, o mercado interno, e a melhoria das condições de vida de milhões de brasileiros e brasileiras. Até mesmo dirigentes de outras centrais reconheceram o esforço de Paulinho na busca desse objetivo.

Quando propôs emenda alternativa ao projeto de lei 4.330/2004 (projeto da terceirização), bem como à PEC 287/2016 (proposta de reforma da Previdência Social), isto se deveu ao fato de saber previamente das possibilidades delas serem aprovadas tal como os respectivos textos se encontravam. Por conta disso, compreendia o nosso deputado a necessidade de modificá-las de maneira a preservar direitos. O que vem a ser essa corajosa atitude senão uma explicita defesa dos interesses da classe social que vive de salário?

Poderia enumerar diversos outros esforços feitos pelo companheiro na busca do entendimento entre as centrais sindicais em prol de uma pauta comum (pauta trabalhista), assim como na defesa da autorregulação sindical, de modo a assegurar liberdade e autonomia aos sindicatos, ameaçados que estavam pelo Ministério Público do Trabalho.

Ao fingir desconhecer essa realidade, muitos companheiros e companheiras se utilizam das redes sociais para lhe fazer críticas pela sua atuação referente a última votação na Câmara, mas não se faz uma reflexão mínima que seja sobre as razões dessa tomada de posição e ainda  sobre o que ele, Paulinho, está fazendo junto ao governo no sentido de convencê-lo a estabelecer regras, via a adoção de Medida Provisória (MP), que possibilitem o financiamento pelos trabalhadores da estrutura sindical atual que, com a aprovação da reforma trabalhista, perdeu completamente as condições de se autofinanciar.

Muitos dirigentes, inclusive de outras centrais sindicais, até pedem encarecidamente a Paulinho que faça algo nesse sentido, que lute em defesa disso, porém pelas costas lhe agridem covardemente apenas para ficar bem junto às suas bases. Ainda nesse sentido, essa companheirada acaba esquecendo do caráter plural da central e de que, no Congresso Nacional, Paulinho é, antes de tudo, um deputado federal, o nosso deputado, e sempre pronto a nos receber, a nos ouvir. Por fim, cumpre-me aqui ressaltar que, gostemos ou não, tanto à frente da Força Sindical quanto no cargo de deputado federal, Paulinho tem tido uma atuação de liderança. Pode-se até discordar de algumas das suas posições, mas é preciso que haja respeito nessa relação. Até porque respeito é bom e todo mundo gosta.

Aparecido Inácio da Silva (Cidão)

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul e diretor executivo da Força Sindical.

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