SUV compacto é fruto de aporte de R$ 1,2 bilhão anunciado em 2017; de acordo com o sindicato, 350 trabalhadores foram contratados
Pouco mais de um ano após a GM (General Motors) anunciar que poderia sair do País, e consequentemente de São Caetano, a fábrica da região vive nova fase com o anúncio da produção do sexto modelo e prestes a iniciar novo ciclo de investimentos.
De acordo com a montadora norte-americana, que completa 95 anos de atuação no Brasil em 2020, será o primeiro SUV compacto da Chevrolet feito no País, com perspectiva de disponibilidade no mercado no fim do primeiro trimestre deste ano. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, a demanda gerou a contratação de 350 trabalhadores no início de janeiro.
Conforme anúncio feito ontem, a GM está finalizando o processo de renovação da fábrica de São Caetano, fruto de aporte de R$ 1,2 bilhão anunciado em 2017, para a produção de veículo inédito no País. Com isso, o parque fabril da região passa a produzir os modelos Joy Plus (o antigo Prisma, transferido de Gravataí, no Rio Grande do Sul, no ano passado), Joy (antigo Onyx Joy, modelo de entrada), Spin, Montana, Cobalt e o novo SUV, que vem sendo feito desde o início deste mês.
“Será o primeiro SUV compacto da Chevrolet produzido no Brasil. Chegará às concessionárias locais até o fim do primeiro trimestre deste ano, com conceitos tecnológicos inovadores relacionados a conectividade, segurança e eficiência energética”, afirmou o presidente da GM América do Sul, Carlos Zarlenga. O executivo também afirmou que, com a procura crescente por SUVs compactos mais tecnológicos identificada também em mercados regionais, há planos de exportar o novo produto.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, cerca de 350 pessoas foram contratadas no início do ano por conta do aumento da produção. “São trabalhadores que possuem contrato inicial de seis meses. Mas temos expectativa de que eles fiquem, porque a demanda aumentou muito”, afirmou o sindicalista.
Cidão destacou que a produção da unidade passou de média de 43 carros por hora no ano passado para 53 neste ano. O que representa alta de 23,2%. Há expectativa por parte da entidade de que a fábrica receba ainda mais um modelo, fruto de investimento de R$ 10 bilhões anunciado em 2019 (leia mais abaixo).
Atualmente são cerca de 8.000 funcionários em São Caetano – a GM não comenta número de trabalhadores ou contratações. Em 2019, a empresa chegou a abrir um PDV (Programa de Demissão Voluntária) mirando trabalhadores com limitação laboral. Segundo Cidão, cerca de 180 aderiram ao acordo (a maioria estava em licença remunerada), que garantia quantidade de salário dependendo da idade do operário, dois veículos Cruze – custam a partir de R$ 99.390 cada – e cinco anos de extensão de plano de saúde.
TECNOLOGIA
Entre as inovações de São Caetano anunciadas pela GM, há um novo equipamento que movimenta os carros pela linha de montagem capaz de ajustar-se em qualquer altura. Também foi instalado novo processo de transporte automatizado para o sistema básico de motor, transmissão, escapamento, eixo e semieixo. “Além das tecnologias inovadoras, temos novos prédios e área de estamparia”, disse o diretor executivo da fábrica, Andreieli Pinto.
Investimento de R$ 10 bi começa neste ano
No início de 2019, a GM (General Motors) afirmou, em comunicado aos funcionários, a possibilidade da saída da operação do Brasil, caso não voltasse a dar lucro. Após negociações com o poder público, fornecedores e trabalhadores, a montadora anunciou aporte de R$ 10 bilhões, a ser dividido entre as fábricas de São Caetano e São José dos Campos, no Interior, que começa a ser aplicado neste ano.
Segundo a montadora, ainda não há mais detalhes sobre como o montante será dividido, porém, a possibilidade de saída está afastada. “As negociações com os stakeholders da GM foram bem-sucedidas, o que garantiu o novo ciclo de investimentos no Estado”, afirmou a empresa. O valor será aplicado até 2024.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, a fábrica inicia 2020 com uma visão positiva. Ele acredita que ainda há espaço para um sétimo veículo na linha de produção. “A capacidade da fábrica é de até 56 (veículos produzidos) por hora. Então dá para colocar mais um modelo, e é o que estamos esperando com esse novo investimento”,afirmou.
A fábrica de São Caetano completa 90 anos em agosto e é a mais antiga da empresa em operação no País. “Foi muito interessante reformar completamente uma instalação como a da GM em São Caetano, porque, ao trocar equipamentos, nos deparamos com muita história. Descobrimos, por exemplo, as fundações das máquinas que produziram o lendário Opala. É uma honra fazer parte deste momento tão importante para essa que é uma fábrica símbolo da região”, comentou o diretor executivo, Andreieli Pinto.
Fonte: DGABC 28-01-2020