Em 2015, geração de riquezas diminuiu, impactada por crise que atingiu fortemente a indústria
O PIB (Produto Interno Bruto) do Grande ABC, que demonstra a geração de riquezas das sete cidades, desacelerou em 2015. No entanto, a região manteve-se como a quarta maior economia do País, título que detém pelo menos desde 2008, atrás somente de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Atingida fortemente pela crise, que deixou 43,6 mil desempregados no Grande ABC dois anos atrás – pior saldo desde 2004, pelo menos –, a economia regional encolheu 5,35%, o que representou a perda de R$ 6,3 bilhões, e totalizou R$ 112 bilhões. Com isso, o peso das sete cidades na geração de riquezas nacional, de R$ 5,9 trilhões, diminuiu de 2,07% para 1,89%.
O ‘calcanhar de Aquiles’ foi o setor industrial, fortemente presente na região, especialmente o segmento automobilístico. Em meio às dificuldades econômicas, a compra do zero-quilômetro foi adiada, o que desaqueceu o mercado e iniciou série de demissões, inclusive grandes PDVs (Programas de Demissão Voluntária) nas montadoras. Muitas empresas também fecharam as portas naquele ano. “O efeito em cadeia fez com que toda a economia do Grande ABC sofresse, como reflexo das dificuldades da indústria, que passou a operar com alta capacidade ocisosa”, avalia Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia.
Ao analisar as cidades individualmente, isso fica mais evidente, já que, por exemplo, em São Caetano, onde a General Motors atua como um dos três principais pilares de arrecadação, o tombo no ranking nacional foi forte; com queda de nove posições, o município terminou 2015 na 52ª, com PIB de R$ 13,3 bilhões.
Diadema não possui montadora, mas reúne boa parte da cadeia de autopeças, que fornece a elas. Com receita de R$ 13,8 bilhões, perdeu dois postos, para 62º. O mesmo ocorre em Santo André, onde o PIB de R$ 26,2 bilhões fez com que a cidade caísse uma posição, para 27ª. Em São Bernardo, também houve perda de uma colocação, para 16ª, ao gerar R$ 42,7 bilhões em receita. “Embora o município concentre cinco montadoras, a economia é mais pulverizada, então o impacto é menor”, explica Balistiero.
Mauá, por sua vez, foi o ponto fora da curva. Em 2015, seu PIB galgou cinco posições, e a cidade ficou colocada em 69º lugar. Neste caso, além da forte presença de autopeças, 60% da arrecadação municipal provém do polo petroquímico, que vivenciava cenário bem diferente do automotivo. “A crise favoreceu as cidades que têm suas economias baseadas em commodities, como agricultura e petróleo. É onde entra Mauá, e Santo André, devido ao fato de, à época, o preço do barril de petróleo (insumo para matéria prima do setor) estar estável em bom patamar”, explica o professor de Finanças da Fipecafi George Sales.
Sales destaca que, desde 2010 a guerra fiscal se acirrou, e muitas indústrias deixaram a região – a participação no PIB evidencia isso, pois, à época, o peso era de 2,47%. “Em face a esse cenário, as sete cidades foram desenvolvendo outros segmentos, como serviços, que ajudaram a equilibrar a economia e a criar oportunidades.”
Apesar do impacto, Balistiero avalia como positivo o fato de a região ter se mantido como o quarto maior PIB do Brasil. “Apesar das dificuldades atravessadas, o Grande ABC continua bastante importante para o País, não à toa também está aqui o quinto maior polo consumidor”, lembra. Fonte: DGABC 15-12-2017