Greve no início das aulas, em fevereiro, não é descartada; 13º e férias não foram depositados
Professores da Universidade Metodista, em São Bernardo, estão sem receber os salários dos meses de novembro e dezembro, além do 13º salário e de valor equivalente a um terço das férias. A estimativa é a de que o corpo docente seja composto de 250 profissionais e, destes, pelo menos 90% não foram remunerados. Outra questão é que o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) não é depositado desde 2015.
Os trabalhadores estão de férias até dia 20 e as aulas retornam em fevereiro. No dia 21, os professores irão se reunir para avaliar a situação e decidir como será a mobilização, sem descartar a possibilidade de greve. Última paralisação na instituição de ensino superior durou 18 dias entre abril e maio de 2019. Entre outubro e novembro, professores do Colégio Metodista pararam por dez dias. Ambas ações terminaram após acordo na Justiça do Trabalho.
“Estamos em um descanso não remunerado e, quando todo mundo estava celebrando o Natal, nós estávamos nos sentindo como se estivéssemos desempregados”, relatou Cristiane Gandolfi, professora da instituição e dirigente do Sinpro ABC (Sindicato dos Professores do Grande ABC).
A universidade informou aos profissionais que eles receberiam o salário de novembro no último dia 7. Contudo, nenhuma quantia foi depositada e o descumprimento não foi justificado. “Se, pelo menos, a Metodista tivesse o mínimo de transparência, tentaríamos entender, mas os professores já foram solícitos demais porque gostam de lá, e agora estão abusando disso”, afirmou Cristiane.
DEMISSÕES - O acordo firmado entre as partes em novembro também previa estabilidade dos profissionais de toda rede até fevereiro. No entanto, professores foram demitidos em dezembro. “A Metodista descumpriu todo o acordo e chegou a demitir por e-mail. Outros descobriram (que foram dispensados) na festa de confraternização”, afirmou Edilene Arjoni, presidente do Sinpro ABC.
Em razão do recesso, ainda não há número exato de quantos foram dispensados. O que se sabe é que nenhum deles recebeu rescisão ou teve a homologação marcada. Segundo Edilene, a universidade sinalizou reunião com o sindicato, porém, a questão não estava na pauta. A previsão era a de que o encontro fosse neste mês.
JUSTIFICATIVA - A Universidade Metodista garantiu que “as obrigações para com funcionários e docentes estão sendo regularizadas paulatinamente” e destacou que segue “prezando por sua confessionalidade e realizando intensos esforços para regularizar a situação, na certeza de seu crescimento em 2020”.
Desde o início dos problemas, há cinco anos, a instituição alega que o “cenário desafiador” do País está impactando nas finanças, mencionando a inadimplência como um dos principais obstáculos, ainda que não divulgue tal número. Em 2017, pelo menos 50 docentes foram demitidos e as rescisões ainda não terminaram de ser pagas.
Cristiane observa que o índice de desistência é baixo. Das duas turmas do curso de pedagogia que lecionou em 2019, que totalizavam 150 alunos, apenas três não concluíram o ano letivo. “Nem tudo é justificado pela crise econômica, é uma crise de gestão”, opinou.
Fonte: DGABC 10/01/2020
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