Governador disse que 1.200 ex-funcionários da Ford foram
contratados pela GM; seriam 30
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC contestou informações dadas pelo
governador João Doria (PSDB) de que cerca de 1.200 ex-funcionários da
fábrica da Ford, localizada em São Bernardo, teriam sido contratados pela GM
(General Motors). De acordo com a entidade representante dos trabalhadores,
seriam em torno de 30 colaboradores.
A declaração de Doria aconteceu semana passada, em entrevista ao programa
CBN São Paulo, da Rádio CBN, ao responder pergunta sobre o andamento das
negociações para a venda da planta do bairro Taboão, que teve a produção
encerrada no ano passado (leia mais abaixo).
“Uma boa notícia é que a General Motors, que está em São Caetano, município
vizinho a São Bernardo, contratou, salvo engano, cerca de 1.200 funcionários
da Ford, qualificados, portanto, especialistas para a montagem de automóveis
para a fábrica de São Caetano, que foi, aliás, objeto de esforço bem-sucedido
no início do nosso governo, com investimento de R$ 10 bilhões assegurados
até 2022. E a GM cumpriu o compromisso de gerar 1.200 novos empregos com
esses investimentos. Então, uma parte desses funcionários da Ford já está
realocada, hoje, na GM e seguem os entendimentos com os chineses
(referência às negociações para a venda da fábrica da Ford, que atualmente
acontecem com grupos chineses)”, disse Doria.
Porém, segundo o presidente do sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, o
número de contratações pela planta da GM de ex-funcionários da Ford gira em
torno de 30. “Não sei como o governador chegou a este número (1.200). O que
nós temos, por meio de informações que conseguimos junto ao Sindicato dos
Metalúrgicos de São Caetano, é que a GM contratou 350 trabalhadores no
total, dos quais não mais do que 30 ou 40 são ex-funcionários da Ford. A
absoluta maioria continua desempregada”, afirmou, estimando que cerca de
90% dos trabalhadores ainda não encontraram emprego.
As contratações da GM aconteceram no início deste ano para trabalhar na
montagem do sexto modelo na planta de São Caetano, um SUV compacto que
deverá estar disponível no mercado no fim do primeiro trimestre. Os
colaboradores possuem contrato inicial de seis meses.
De acordo com Wagnão, os trabalhadores estranharam a declaração de Doria.
“Eles se comunicam por meio de grupos nas redes sociais. Primeiro acharam
um absurdo, e depois tentaram entender o número apresentado pelo
governador”, disse o sindicalista, complementando que o dado estava
“estratosfericamente fora da realidade”.
Questionado sobre o assunto, o Estado afirmou que o governador João Doria
se dedica pessoalmente à busca de uma solução para o impasse gerado pela
decisão da Ford. “Ele (Doria) reafirma o empenho para estimular negociações
entre diferentes empresas para que o desfecho seja a manutenção dos
empregos em São Bernardo”, disse, por meio de nota. “Como já noticiado por
diversos veículos de imprensa, o governador se referiu ao acordo entre a GM e
a Ford para a contratação de até 1.200 funcionários que se encaixem nas
vagas oferecidas. O processo está em andamento”, informou.
Questionadas sobre as contratações, a Ford não respondeu e a GM disse que
não ia se manifestar. A Prefeitura de São Bernardo foi questionada sobre se há
avanços na negociação e afirmou que não tem novidades sobre o assunto.
Negociações continuam com chineses Apesar de a Caoa chegar a oficializar interesse na compra da fábrica da Ford em São Bernardo, no ano passado, as negociações não evoluíram, culminando com a desistência oficial do grupo brasileiro no negócio no início deste ano.
Atualmente, a norte-americana conversa com três empresas chinesas sobre a
venda da unidade da região.
O governador João Doria (PSDB) afirmou, em entrevista à rádio CBN, como já
fez em outras ocasiões, que há duas empresas interessadas na aquisição.
Porém, conforme noticiado pelo Diário, uma terceira conversa diretamente com
a empresa norte-americana.
O nome da nova interessada não foi informado por imposição de contrato de
confidencialidade, porém, a Ford adiantou que se trata de uma das três
maiores montadoras da China e que fabrica SUVs e picapes. As principais
marcas do país asiático são a Dongfeng, First Automobile Works e Shanghai.
O sindicato pediu para a Ford solicitar às empresas interessadas a absorção de
parte dos ex-colaboradores e apresentar as condições já negociadas com a
Caoa.
A Ford encerrou as atividades em outubro de 2019 devido à decisão de deixar
o segmento de caminhões.
Fonte: DGABC 04-02-2020.