Em assembleia realizada ontem (21/02) a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, representado na ocasião pelo seu presidente, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, tratou das negociações que estão ocorrendo entre a entidade e a empresa General Motors do Brasil, unidade São Caetano do Sul. Segundo o Cidão, a GM pretende realizar investimentos em sua planta na cidade, porém tem apresentando uma pauta ao sindicato que implica em séria mudança na sua organização interna e nas relações de trabalho. Principalmente na forma de remuneração salarial dos seus empregados.
De acordo com Cidão, a empresa deseja rever algumas cláusulas que constam na Convenção Coletiva de Trabalho. Entre estas a cláusula 42 que assegura estabilidade aos trabalhadores sequelados (com restrição médica comprovada). Proposta que o sindicato já descartou de imediato e não aceita voltar a discuti-la.
Além disso, a GM propõe o congelamento dos salários dos empregados até 2020 quando então haveria indexação. Até lá os aumentos se dariam em forma de abono e da seguinte forma: 2018, não haveria qualquer indexação aos salários, mas abono; em 2019, 50% do aumento salarial seriam indexados e os outros 50% pagos como abono. Apenas em 2020 haveria a indexação do reajuste salarial. O sindicato já rejeitou em parte a proposta pelo fato da empresa querer incluir 2017 no pacote e, segundo Cidão, “2017 é inegociável, não se mexe. Até porque já existe acordo firmado”.
Cidão aproveitou o ensejo para falar das dificuldades em se negociar quando o país vive uma das suas maiores crises que não é apenas de ordem econômica, mas sobretudo, política. Por conta disso, a empresa, que tem plano de investimentos para a sua unidade de São Caetano do Sul, usa de barganha, pois como disse o presidente do sindicato, “o capital é apátrida e a direção da GM poderá inclusive fechar a unidadeque possui idade avançada e apresenta hoje uma certa defasagem tecnológica”.
O exemplo cabal dessa afirmação é a unidade da GM em São José dos Campos, no Vale Paraíba. Ainda de acordo com Cidão, porfalta de entendimento entre sindicato local e a empresa, a unidade fabril que já contou com cerca de 12 mil trabalhadores e produzia vários modelos de veículos emprega hoje menos de 4 mil pessoas e, por falta de investimento e modernização, encontra-se obsoletae correndo risco de ser fechada.
Cumpre ressaltar que, com a definição consolidadados investimentos para a unidade do ABC, será preciso reconstruir uma nova fábrica dentro da planta atual. E manter a empresa produzindo e gerando empregos na cidade é o proposito maior do sindicato que não abre mão em oferecer alternativas para tanto.Uma das propostas do Cidão é que a GM, com o apoio da prefeitura local, transforme o chamado “Espaço Matarazzo”, localizado no bairro Fundação, em um ambiente produtivo, de modo a atrair para o local empresas de autopeças e serviços. O que contribuiria para melhorar os custos de logística da empresa.
O que Cidão tem deixado claro é que não aceita abrir mão de direitos trabalhistas. Grande parte da sua fala na assembleia de ontem foi voltada para desfazer boatos quanto a essa questão emostrar que o sindicato está no comando das negociações e que jamais vai aceitar a retirada de direitos dos trabalhadores.
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