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Crise econômica e as pedaladas de Dilma

O Brasil enfrenta neste momento uma grave crise econômica e política que afeta diretamente parcela significativa dos brasileiros e coloca em risco a democracia. Todavia, os maiores prejudicados são os trabalhadores que dependem do emprego. Passo a passo o desemprego vai aumentando, como apontam as diversas pesquisas do IBGE. Nas seis principais capitais pesquisadas pela instituição o rendimento médio do trabalhador caiu este ano 5% em relação ao mesmo período do ano passado.

Cabe considerar que, no geral, o quadro de desemprego não é ainda tão grave, mas em regiões industrializadas, como o ABC, é de fato preocupante e assustador. Aqui, a indústria automotiva, a que mais emprega, vem reduzindo drasticamente o seu efetivo, apesar das diversas tentativas feitas pelos sindicatos para se evitar o pior. A sua trajetória crescente, eu diria, é desesperadora.

Informações do IBGE divulgadas em 04/08, pela Folha de São Paulo, dão conta de que, “na comparação com junho de 2014, a produção diminuiu 3,2%”. De janeiro a maio deste ano no Brasil foram cerca de 280 mil demissões com carteira assinada. O que nos deixa ainda mais preocupados é o fato do emprego com carteira assinada, importante instrumento de inclusão social dos últimos anos, está diminuindo e sem perspectiva de melhora no curto prazo.

Isto porque é essa modalidade de contratação que possibilita a concessão de direitos tais como férias, 13º salário, benefícios previdenciários e seguro–desemprego. Além disso, é ainda por meio do emprego formal e estável que o trabalhador pode constituir uma narrativa de vida, não apenas do ponto de vista dos seus interesses imediatos, mas sobretudo, no que diz respeito ao futuro.

Todavia, diante de uma situação de crise, de profundas incertezas, como a que estamos enfrentando, quem se arrisca a realizar compra a crédito, particularmente de bens duráveis, ou ainda a realização de curso superior que dependa exclusivamente de financiamento bancário?

Sabe-se bem que na região do ABC, com destaque para São Caetano do Sul, diversas pessoas que adquiriram imóveis financiados estão a devolvê-los porque com o desemprego batendo à porta já não possuem condição de arcar com o seu pagamento. Para nós, tal situação não é obra do acaso. Ela é decorrente da política de austeridade, do tal “Ajuste Fiscal” do governo que, por erro, incompetência, na condução da coisa pública, e para o reduzir o déficit em suas contas, paralisou a economia, gerou incertezas e atirou grande parte desses custos em cima dos que vivem de salários.

Quando digo que a economia está capenga baseio-me em fatos por mim constatados junto às empresas e em informações publicadas cotidianamente pela imprensa quanto ao aumento das taxas de juros, queda da produção e desemprego. Fatores que provocam recessão. Estamos, sim, a enfrentar um processo recessivo e de grande magnitude. E a tendência é de piora já que que os juros aumentaram.

Após a elevação, pelo Banco Central, da taxa básica de juros de 13,75% para 14,25%, e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano avançar de 9,23% da semana anterior para 9,25%, o quadro permanece inalterado pelos próximos meses em se tratando de perspectivas quanto à retomada do crescimento econômico.

Enquanto isso a presidente Dilma vive uma situação muita parecida com a de uma jovem adolescente apaixonada, com todo respeito aos que se apaixonam, encantada mesmo com o momento vivido, pedalando confortavelmente por Brasília, como se nada estivesse a ocorrer, em vez de estar preocupada e adotando medidas consistentes para debelar a crise que se torna insuportável para grande parte da população brasileira.

Ao falar da presidente da República nesses termos cito parte da entrevista concedida por ela no dia 07/07/15, ao jornal Folha de São Paulo, na qual quando perguntada sobre a crise, que também é política, ela afirmou textualmente: “Que crise? Isso aí é moleza, é luta política”. Ora, existe sim uma crise política que torna seu governo cada dia mais frágil e, em grande medida, por conta da crise econômica e sua evidente falta de tato para enfrentar e superar esses e outros.

Como afirma documento lançado recentemente pelas centrais sindicais “a piora sobre a percepção futura limita qualquer expectativa de recuperação no curto prazo”. Apenas um setor continua tendo sucesso, obtendo resultados: os bancos, que já no primeiro trimestre deste ano foram recordistas em lucratividade.

Aparecido Inácio da Silva

(Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul)

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