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Pessimismo em relação ao PIB toma conta do mercado

Pela quarta semana seguida, analistas do mercado financeiro reduziram as projeções de crescimento do PIB deste ano

RH Rosana Hessel postado em 07/09/2021 06:00

Para Sergio Vale, tendência é de a economia piorar até as eleições - (crédito: Rosana Hessel/CB/D.A Press - 3/1/20) O pessimismo em relação à economia tomou conta do mercado e as estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não param de cair. A piora das projeções para a inflação acaba tornando inevitável uma disparada da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 5,25%, o que deve frear a atividade. Analistas alertam que uma melhora das expectativas dependerá de chuvas que amenizem a crise hídrica, e de um cenário político mais estável — o que é pouco provável, já que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aposta em uma crise institucional para conseguir evitar a derrota eleitoral em 2022. “O crescimento de 2021 está dado, e o mercado está fazendo os ajustes após a queda de 0,1% do PIB no segundo trimestre. Mas o que importa é a trajetória para 2022. Está claro que o PIB virá menor do que os 2% e 2,5% esperados no início do ano. Agora, se prevê algo mais próximo de 1,5% a 1%, se não houver racionamento de energia”, alertou o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho. Segundo ele, o Banco Central terá que elevar a Selic para, pelo menos, 8,5% no fim do ciclo de alta, iniciado em março passado, para, “ao menos”, conseguir levar a inflação para o centro da meta em 2023. “Uma taxa de 8,5% será o piso para a Selic no fim do ciclo”, disse. Na avaliação de Velho, será muito difícil reverter o cenário pessimista para 2022. “Seria preciso ter uma estabilidade muito forte do ponto de vista institucional, porque o contexto internacional não vai mais ajudar no PIB brasileiro”, afirmou. Segundo ele, a tendência é de desaceleração, devido à redução dos estímulos monetários e do aumento dos juros lá fora. “Os bancos centrais já estão aumentando os juros. É necessário uma mudança muito positiva para compensar o aumento dos juros e a queda do consumo devido ao encolhimento da renda dos brasileiros, que está sendo corroída pela inflação”, acrescentou. Revisões Pela quarta semana seguida, analistas do mercado financeiro reduziram as projeções de crescimento do PIB deste ano. A mediana das estimativas dos economistas ouvidos pelo Banco Central no boletim Focus, divulgado ontem, passou de 5,30% para 5,15% nesse período. Já a mediana para o PIB do ano que vem caiu de 2,05% para 1,93%. Já as estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano não param de subir há 22 semanas e, atualmente, estão em 7,58% — o dobro do centro da meta de inflação para este ano, de 3,75%. Para 2022, a meta é de 3,5%, mas a mediana do Focus passou para 3,93%. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, prevê altas de 4,7%, no PIB deste ano, e de 1,4% no do ano que vem, mas admite que o viés é de baixa, diante da antecipação do clima de eleições por Bolsonaro. “Só seria possível reverter se houvesse uma mudança radical para melhor do presidente. Como isso não deve acontecer, a trajetória é de piora constante até a eleição, pelo menos”, resumiu. O economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Souza Leal, acaba de revisar de 5,4% para 5,2% a previsão de crescimento do PIB deste ano e manter em 2% a estimativa de expansão da economia no ano que vem. Para ele, é possível reverter o quadro pessimista, se não houver racionamento. “A crise hídrica é que vai definir crescimento, inflação e até mesmo a eleição. Nenhum país cresce com risco de racionamento no radar”, alertou.

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